Névoa

   



Ao cair da ultima gota de orvalho
Eu não estarei mais aqui,
Partirei com a simplicidade
Da ultima estrela ofuscada pelo sol.
Muitos tentarão se lembrar
Quando você falar em mim,
Outros talvez nunca tenham me visto
Mesmo eu estando sempre aqui.
Quando eu estiver distante
Você sentirá minha falta e me buscará,
Sairá em busca do tempo perdido.
O orgulho deixará o seu rosto
Só restará o seu olhar entristecido.
E saberá como me sinto, senti!
Não mais tenho essa dor,
E provará em sua boca
O gosto que na minha deixou.
Verá que o mundo não é um mero conto de fadas,
Saberá que tudo o que você imaginou não passou de quimera,
E sentirá em seu corpo que a vida não é tão singela.
Todos querem algo para si
Eu quero alguém para mim
Também quero um lugar ao sol
Porem sem ter que abrir mão
da névoa que abre as manhãs.

O canto dos Desolados


A angustia me consome sem que a ninguém eu possa recorrer,
Pois aqueles que poderiam amenizar minha dor
Estão muito ocupados a enxugar a lágrima de outros.

Sou como um velho templo que permanece de pé...
Já tive meus dias de glória e tristezas,
Mas nada de adverso abalou meus sentimentos,
Porém foi o suficiente para tornar-me vazio.

Sou um viajante dos sonhos, no entanto
Minha viagem termina no exato momento
Onde deveria começar, pois como poderei
Dormir e quem sabe sonhar, se a insônia
Nega-me passagem no expresso da ilusão?

Estou cansado das noites frias e solitárias
E de pessoas tão frias quanto ela, que se fazem amigas
Para destruir o que há de singelo em meu coração.

Sem rumo os sentimentos vagam em meu peito,
Como cardume nadando contra a correnteza.
Em busca de um porto seguro persigo o amor,
Como quem caça um animal em meio á natureza.

Envolto nos braços da noite repouso,
Mas interiormente, tudo é um turbilhão
Ah! Se ao menos eu seguisse o que o sábio
Em tão longínquos séculos pregou.

Saberia que o maior motivo de minha infelicidade
É viver a questionar-me o porquê dela.

E assim vivo triste e desolado, com o peito cheio de dor.
Pois cada um recebe na mesma proporção aquilo que dá
E não posso amar a ninguém, pois isso a vida sempre me negou.

Se perguntarem por mim




Se perguntarem por mim, diga que ainda ando,
Que ainda vivo e o ar úmido desses dias frios
Ainda entra em meus pulmões.
Se perguntarem por mim diga que estou bem,
Porem não me vê há muito tempo.
Diga que as ondas desfizeram a imagem do homem de areia
E o que sobrou o vento carregou consigo...
Quando você se perguntar por mim
Estarei fazendo o que você me disse pra fazer sem você,
(Estou vivendo)... É isso que venho fazendo.
Se me perguntar como estou, responderei com clareza.
Estou vivo, com frio e só, estou vivendo às vezes triste, às vezes alegre
Entre um copo e outro de vinho e meia dúzia de amigos sarcásticos
Ouvindo a trilha de nosso adeus enquanto caminho na chuva.
Roberto Codax

Sobre o autor

“Escrevo pela simples necessidade de sentir meus próprios sentimentos e ouvir meus pensamentos que vagam sem ressonância neste mundo de surdos. Eu escrevo pra tentar compreender a mim mesmo, não para responder questões às quais nunca saberei a resposta.(Roberto Codax)

Roberto Codax. Tecnologia do Blogger.