O canto dos Desolados


A angustia me consome sem que a ninguém eu possa recorrer,
Pois aqueles que poderiam amenizar minha dor
Estão muito ocupados a enxugar a lágrima de outros.

Sou como um velho templo que permanece de pé...
Já tive meus dias de glória e tristezas,
Mas nada de adverso abalou meus sentimentos,
Porém foi o suficiente para tornar-me vazio.

Sou um viajante dos sonhos, no entanto
Minha viagem termina no exato momento
Onde deveria começar, pois como poderei
Dormir e quem sabe sonhar, se a insônia
Nega-me passagem no expresso da ilusão?

Estou cansado das noites frias e solitárias
E de pessoas tão frias quanto ela, que se fazem amigas
Para destruir o que há de singelo em meu coração.

Sem rumo os sentimentos vagam em meu peito,
Como cardume nadando contra a correnteza.
Em busca de um porto seguro persigo o amor,
Como quem caça um animal em meio á natureza.

Envolto nos braços da noite repouso,
Mas interiormente, tudo é um turbilhão
Ah! Se ao menos eu seguisse o que o sábio
Em tão longínquos séculos pregou.

Saberia que o maior motivo de minha infelicidade
É viver a questionar-me o porquê dela.

E assim vivo triste e desolado, com o peito cheio de dor.
Pois cada um recebe na mesma proporção aquilo que dá
E não posso amar a ninguém, pois isso a vida sempre me negou.

Sobre o autor

“Escrevo pela simples necessidade de sentir meus próprios sentimentos e ouvir meus pensamentos que vagam sem ressonância neste mundo de surdos. Eu escrevo pra tentar compreender a mim mesmo, não para responder questões às quais nunca saberei a resposta.(Roberto Codax)

Roberto Codax. Tecnologia do Blogger.