O lamento de um filho bastardo




O lamento de um filho bastardo

Ó mãe! De ti nós todos descendemos: negros, brancos e indígenas.
Por qual motivo serves unicamente a uns e menospreza a outros?
Quando nasci largou-me à própria sorte,
Enquanto aos outros envolveu em seus braços.
De ti não almejo glória, apenas um afago e proteção,
Mas por que negas a mim, o que a outros proporciona sem objeção?
Ó mãe olha teus filhos! Vê quanta dor lhes causa,
Vê o que fazem a si mesmos e quanto mal causam a seu próximo.
Meu coração está sangrando, porém não poderia eu
Continuar a ignorar o que meus olhos veem.
Deixa parte de seus filhos ao relento,
Enquanto a outros assenta em mansões.
Recobre de linho o teu escolhido e ao bastardo entrega apenas os trapos.
Permite que teus filhos tratem aos irmãos com desdém,
Quando poderia ensinar o valor do respeito para com seu próximo.
Mesmo maltratado conservo por ti o amor de um filho,
E mesmo sem teu amor por tua honra derramo meu sangue.
Só lhe peço ó pátria! Que por tal sacrifício,
Teus filhos bastardos mereçam de ti o afago
Que tu dedicas àqueles que por ti nada fazem.

Sobre o autor

“Escrevo pela simples necessidade de sentir meus próprios sentimentos e ouvir meus pensamentos que vagam sem ressonância neste mundo de surdos. Eu escrevo pra tentar compreender a mim mesmo, não para responder questões às quais nunca saberei a resposta.(Roberto Codax)

Roberto Codax. Tecnologia do Blogger.