Tormento


Não sou profeta, tampouco como almejo poeta
A mim não foi dada a clarividência de saber o futuro
No entanto dentro de minha mente oscilante e inquieta
Monstrinhos terríveis corroem-me os pensamentos

Sugam minhas forças, tornam-me débil
Deixando-me o corpo cansado e a alma mais cansada ainda
Como flor que desvanece num jarro
Ou pássaro aprisionado cujo cantar lamuriante não finda

As horas do dia passam a conta gotas, enquanto a juventude se vai
As esperanças esfarelam-se entre os dedos como uma velha pétala encontrada num livro
Nas horas de solidão lancinante é que os fantasmas vem atormentar-me
Retiro a máscara que durante o dia me disfarço
E meus monstros identificam-me

E então novamente recomeça o tormento
Sento-me nesta sala silenciosa e posso ouvir o uivo dos lobos que pensei ter despistado
Aproximando-se para acabar de estraçalhar o coração que já está despedaçado


04/05/2017

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Sobre o autor

“Escrevo pela simples necessidade de sentir meus próprios sentimentos e ouvir meus pensamentos que vagam sem ressonância neste mundo de surdos. Eu escrevo pra tentar compreender a mim mesmo, não para responder questões às quais nunca saberei a resposta.(Roberto Codax)

Roberto Codax. Tecnologia do Blogger.